Evento, que propõe a participação ativa da comunidade para vencer os desafios da educação, foi realizado no Centro Cultural e Poliesportivo Colorado
O Fórum Municipal Guaíra Cidade que Educa foi aberto no Centro Cultural e Poliesportivo Colorado na noite do dia 16 de agosto com a participação de mais de 250 pessoas da comunidade de Guaíra, imprensa, Poder Público, educadores e formadores de opinião. Tião Rocha, palestrante convidado do evento é o criador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD, criado em 1984, em Belo Horizonte/MG e Educador reconhecido internacionalmente, fez um chamamento à cada uma das pessoas da comunidade guairense, para que elas se comprometam com a constituição de uma cidade educadora e sustentável. Cabe a cada uma plantar a semente da cidade que queremos, e cuidar dessa semente com afinco, para que se transforme numa vigorosa realidade.
O CPCD criados por Tião é conhecido em todo o Brasil devido à metodologia, que valoriza as comunidades e os atores sociais como peças imprescindíveis no processo de ensino. Para Tião, “educação é algo que só ocorre no plural”, ou seja, é necessário existir mais de uma pessoa para que ela aconteça. “Você aprende na relação com o outro, que não é igual a você, é diferente; na aprendizagem, você troca o que tem pelo que não tem, senão não faz sentido”, afirma.
“O Fórum teve o objetivo de reconhecer e potencializar a dimensão educativa e coletiva das iniciativas públicas e privadas. O evento buscou incentivar a participação ativa da comunidade, integrando esforços de todos. A ideia é que o poder público, a sociedade civil e o empresariado trabalhem juntos, de forma participativa, dialógica e propositiva, viabilizando processos de educação integral como eixo de todas as políticas do município.”, destacou o gerente Executivo do IORM, Rafael Albuquerque Braghiroli.
O Prefeito Sérgio Mello e a presidente do Fundo Social de Solidariedade do Município, Selma Mello participaram do evento, além de todos os integrantes do Sistema de garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes: Educadores, Poder Judiciário, Legislativo, membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
O evento prosseguiu na manhã do dia 17 de agosto, com dinâmicas, apresentação de vídeo e grupos de trabalho para aprofundar tema como a utilização dos espaços públicos; o mapeamento do que os territórios já fazem em termos de atividades culturais, sociais, esportivas e reflexão sobre as tradições culturais, com a participação de Tião Rocha.
“O Município que Educa não se preocupa apenas com o alcance pontual de objetivos e metas de seus projetos ou programas, mas, sobretudo, com a consolidação de uma cultura gestora participativa e integradora, que eduque criticamente para a democracia ativa, para a autonomia, a liberdade, a responsabilidade, o diálogo, a sustentabilidade e a consciência planetária.
Pressupõe também ações conjuntas municipais, consorciadas, organizadas e construídas de modo a fortalecer reciprocamente cada participante das forma comunicativa, em redes dinâmicas, presenciais e virtuais, além de iniciativas propostas.”, destacou Rafael.
A força do coletivo: exemplo que vem da África
“Ao me deparar com mais de 200 pessoas no salão, imaginei, o tanto que tinha de sabedoria e experiência significativa acumulada, aqui neste lugar.”, disse Tião Rocha, logo após encerrar sua participação no primeiro dia do Fórum.
Ele afirmou que aprendeu, na África, mais propriamente em Moçambique, que, para educar criança é necessário toda a Aldeia. “Nosso papel é o de convocar pessoas para desafios e causas, que possam produzir transformações reais e importantes”.
A receita é simples: “temos que ter o olhar voltado para o que as pessoas, sabem, fazem ou querem. O que cada um para doar em benefício da coletividade. Nossa capacidade aprender é ilimitada, mas deve ser treinada. Exercitar capacidade de aprender tudo de todos e não deixar ninguém de fora e utilizar aprendizado em benefício comum. Um lugar ótimo para todos e para sempre, como se torna uma cidade absolutamente sustentável é educação é a melhor forma de fazer isso.”, conclamou.
Juventude e aqui agora ou a terceirização do futuro
“A juventude traz no seu íntimo, a vontade de transformar. Fico triste quando ouço um jovem dizer que está estudando para ser alguém na vida. Ser jovem é ser alguém na vida agora, hoje. Os jovens deve usar essa energia para lutar pelo que vale a pena lutar. A primeira questão para os jovens é produzir desafios que façam a transformação. Eles não devem imaginar que antes precisam se formar, se capacitar para agir. Isso é uma terceirização do futuro. Viver a vida intensa significa se comprometer com coisas que façam sentido. Por onde eu passo, mobilizo os jovens, propondo desafios. Por exemplo, transformar a cidade para ser melhor para eles hoje. Qual seria essa contribuição para Guaíra? Juntar os jovens para pensar o presente e o futuro. Nós adultos não podemos deixar os jovens perderem essa energia forte, que se torna um adulto complacente e leva a vida em banho maria e a vida vai perdendo valor.
Vamos convocar juventude para impedir que qualquer criança da cidade fique analfabeta. Para pensar o desafio. Como protagonistas ativos da cidade para zerar os déficits sociais, como a fome, a violência contra mulheres, os problemas ambientais contra o planeta… Me alimento disso. Busco a utopia do sonho ainda não feito para que a vida tenha sentido e valha a pena ser vivida.
O que é uma Cidade Educadora?
Pode-se considerar Escola Cidadã e Cidade Educadora quando existe diálogo entre a escola e a cidade. Os educadores estão integrando a escola aos espaços da cidade – ruas e praças, árvores, cinemas, bibliotecas, bens e serviços, bares e restaurantes, teatros e igrejas, empresas e lojas, entre outros. Nesse contexto, a escola deixa de ser um lugar abstrato para inserir-se definitivamente na vida da cidade e se transformar num novo território de construção da cidadania.
