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Agenda CulturalUsina da Dança

Turnê regional Movimentações Poéticas Espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio alcança público de 3.900 pessoas

MIGUELOPOLIS2019 (11)

Um público de 3.900 pessoas aplaudiu o Espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio apresentado entre os meses de novembro e dezembro nos municípios de Guaíra, Ipuã, Miguelópolis, Orlândia. O Espetáculo, realizado pelo Ministério da Cidadania, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Pazeto & Bonato Ltda e Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça – IORM levou aos palcos regionais mais de 360 bailarinos, 40 coreografias e centenas de figurinos que apresentaram uma nova leitura da obra Pinóquio. O espetáculo contou com a participação  especial dos bailarinos do Projeto Usina da Dança de Orlândia em quatro apresentações realizadas nos municípios da turnê.

O espetáculo deste ano contou com mais um componente que compôs o quadro criativo de forma contemporânea e surpreendeu a plateia. A narrativa ganhou  tecnologia de ponta com imagens de alta definição projetadas em telão de led de grandes dimensões. “A projeção serviu de apoio a todo o processo criativo, fazendo a mediação entre as linguagens digitais e  a participação humana, causando encantamento e emoção ao público presente”, destaca Valéria Pazeto, da empresa Pazeto & Bonato.

No palco, os bailarinos apresentaram o resultado  de um trabalho artístico em dança que foi criado a partir dos processos investigativos das inquietações cotidianas dos alunos em seu contexto diário. Este movimento envolveu  famílias e comunidade. “Os alunos foram instigados a refletirem e a se inspirarem em obras para sustentar os processos artísticos, explorando as experiências diárias, aprendendo e transmitindo valores e conhecimento por meio do mundo pessoal e coletivo de cada um”, afirma Valéria.

“Esse pensamento contemporâneo foi traduzido para a prática através da criação de um espetáculo plástico e híbrido com uma metodologia multirreferencial que permeou integração, diversidade, colaboração, complexidade, arte educação, educação somática, intertransdisciplinariedade, subjetividade e poética, mesclando habilidades técnicas sensíveis e criativas utilizando-se das linguagens das artes: música, artes plásticas e literatura e das artes da cena: balé clássico, jazz, contemporâneo e teatro.”

As apresentações realizadas em Miguelópolis e Orlândia foram produtos do Projeto Movimentações Poéticas e tiveram como proponente a empresa Pazeto & Bonato Ltda. O Projeto foi aprovado Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

 

Plateia

Em todos os municípios em que foi apresentado, o espetáculo contou com a plateia como protagonista. As pessoas envolveram-se promovendo uma verdadeira troca com os bailarinos, reinterpretando o processo de criação.

Antecedendo o início da apresentação, o público acompanhou os bastidores da criação por meio do vídeo que apresentou o processo de construção da Descobertas de Pinóquio em cada cidade.

“Nosso intuito foi o de transmitir e contextualizar o  espetáculo, envolvendo a plateia com as poéticas contemporâneas, as linguagens artísticas, o cenário social, ambiental, econômico, cultural e artístico local e a história da arte.”, afirma Valéria.

Ela lembra que o processo de criação também proporcionou momentos de diálogo junto a estudantes e professores da rede oficial de ensino de cada município, especialmente o de escolas públicas com o objetivo de sensibilizar e despertar a comunidade escolar para a importância da arte e da cultura como elementos da identidade, significado e informação. “Por meio deste diálogo procuramos tornar ainda mais evidente a ligação dos múltiplos aspectos da vida na contemporaneidade com as vanguardas, os movimentos artísticos e o conhecimento ao longo da história.”, salienta Valéria.

 

PROCESSO CRIATIVO

A obra do escritor italiano Carlos Collodi, Pinóquio foi a fonte inspiradora para os integrantes dos projetos Movimentações Poéticas Usina da Dança para sua criação artística

Por meio da escuta ativa de todos os participantes:  professores,  pais  e alunos e  pelo  trabalho  atento  e  minucioso  da equipe artística  e  psicossocial,  ficou evidente a  preocupação  com os conceitos  de  família,  educação  e  construção de valores para o que se acredita ser formação humana.

“A escuta ativa democrática é um dos ingredientes mais importantes na comunicação e muitas vezes é o ponto fraco na interação entre as pessoas. Ela exige abertura para com o outro, atenção plena sobre o que o outro deseja expressar, e assim o fizemos”, conta Valéria.

O projeto adotou a abordagem que compreende as muitas gerações envolvidas  e busca  adequar-se  à atualidade,  visando  a  escuta  dessa  criança e  sua  educação  de forma global, incluindo o conhecimento formal, os aspectos artísticos e sensíveis, que são essenciais  para  todo  esse  grupo  embasado  em diálogos  e  pesquisas. A  história  do  tronco  de madeira  que  ri  e  chora  foi  matéria prima valiosa para abordagem criativa desses temas.

A assinatura autoral do espetáculo adotou o conceito da arte propositora, entendida como um mecanismo criativo em que os artistas utilizam as relações comunicativas de maneira intensa e direta,  expondo  uma  estética  que envolva os espectadores em um determinado propósito,  transmitindo,  assim,  intensidade nas  obras,  de  forma  que  estes  se  tornam integrantes  ativos  desta  construção,  não meros espectadores e sim parte da criação. “O processo criativo teve como  munição artística  os  intérpretes  Lígia  Clark,  Hélio Oiticica e o atual Ernesto Neto, além do texto literário  “Pinóquio  às  Avessas”,  de  Rubem Alves.”, conta Valéria.

Os laboratórios, realizados em princípio com os professores e, posteriormente, com os  alunos,  resultaram em bonecos que foram  expostos  no  ambiente  da apresentação. “Solicitamos aos participantes materiais que de  alguma forma  representassem  o  que  é  importante para  cada  um,  relacionados  com  memórias afetivas,  emoções  e  sentimentos,  coisas  de sua  personalidade  e  que  compõem  a  sua identidade.  A participação de todos os  integrantes  concretizou-se  em movimentos e interpretações dos personagens da peça”, lembra Valéria.

Pinóquio  revela algo essencial que não pode se  perder  diante  do mundo  recheado  de  estereótipos:  a  valorização  do  ser  humano como  ser  pensante,  crítico  e  sensível,  que integra  a  sociedade  rica  em  cultura, estrutura e pessoas distintas entre si. As artes assumem o papel como o meio essencial para a manutenção desse  ser.  “Os pilares  fundamentais  da Usina  da  Dança: educação  somática,  arte e  educação,  teoria  da  complexidade  e Intertransdisciplinariedade,  uniram-se  às relações  primordiais entre professor-aluno, família  e  sociedade,  e  permitiram  um  resgate da  sensibilidade  para  todas  as  questões da  vida.  Além disso, valorizamos o processo da reflexão antes  da  ação,  de forma  a associar que cada  escolha  que  fazemos  gera uma consequência, negativa ou positiva, e um aprendizado, compositor do caráter individual dessas pessoas.”, finaliza Valéria.

 

Incentivo às mudanças

A história de  Pinóquio  relata  as  aventuras vividas  por  um  boneco  de  madeira  um  tanto teimoso e curioso. Originalmente, o  velho  carpinteiro Gepeto  talha  em  madeira  um boneco  pelo  desejo  de  ter  um  filho.  Quando o  boneco  ganha  vida,  logo  o  manda  para  a escola,  pois  “menino  que  não  frequenta  a escola,  vira  burro!”.

Esta frase é a pedra de toque que traz a base do espetáculo  para um Novo  Pinóquio.  “É  necessário  quebrar este paradigma da história original e mostrar que brincar e fazer parte do mundo das artes também  é  essencial  para  a  formação  do indivíduo,  e  não  apenas  a  racionalidade  da escola tradicional pela metodologia imposta. É preciso  ter  um  objetivo  claro perante as situações do cotidiano, apoiando-se  nas  pessoas  certas  e  pensando  antes de  agir.”, comenta Valéria.

Lições e valores de honestidade, família,  carinho,  disciplina,  sustentabilidade e  determinação  foram  abordados  a  todo momento.  Ao final, Pinóquio  transforma-se  em ser  humano  pela  modificação  de  seus comportamentos,  que adquire por meio  das  comparações permitidas  pelas  experiências  vividas  e  das más  ações  e  retribuição  de  todo  carinho  e cuidado  que  recebeu  de  seu  pai,  Gepeto.

O conto, apresentado às avessas, tem a potência de  provocar  uma  reflexão profunda, capaz de  incentivar mudanças  significativas  em  favor  de  uma educação  que promova a escuta, que preserve na criança – no ser humano – a capacidade de sonhar, de criar, de transformar e de se realizar.

 

Miguelópolis

O município de Miguelópolis foi o primeiro a receber a turnê 2019 do Espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio. As apresentações aconteceram nos dias 20, 21 e 22 de novembro, sempre a partir das 20 horas, no Centro Cultural Rail Miguel Sawan. No dia 22 de novembro, além da apresentação dos bailarinos do Projeto Usina da Dança e Oficina de Artes Integradas Miguelópolis, o espetáculo contou com a participação dos alunos do Projeto Guri Polo IORM Miguelópolis e Artes e Ofícios. As apresentações contaram com um público de 900 pessoas.

Ipuã

O segundo município a receber o espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio, foi Ipuã. As apresentações aconteceram também a partir das 20 horas dos dias 28 e 29 de novembro no Ipuã Country Club e receberam um público de 600 pessoas. No dia 29, a Oficina de Artes Integradas Usina da Dança e Artes e Ofícios receberam convidados no palco. A abertura do espetáculo foi feita pelo Coral Unaerp, sob regência de Cristina Modé Angelotti e contou com a participação do Projeto Guri e da Entidade Santana de Ipuã.

Guaíra

Guaíra foi a terceira cidade a receber a turnê do espetáculo, realizado no Grêmio Recreativo e Esportivo Colorado. O palco recebeu a apresentação dos bailarinos da Oficina de Artes Integradas Usina da Dança e Artes e Ofícios nas noites de 4 e 5 de dezembro. Na segunda noite de apresentação, a abertura do espetáculo ficou a cargo do Coral Unaerp, sob regência de Cristina Modé Angelotti. Os dois dias de espetáculo somaram um público de 900 pessoas.

Orlândia

A turnê regional foi encerrada com quatro apresentações no Centro de Lazer Prefeito Edgar Benini, na cidade de Orlândia. A estreia do espetáculo em Orlândia aconteceu no dia 11 de dezembro, com apresentação dos bailarinos da Usina da Dança/Oficinas de Artes Integradas. O espetáculo no dia 12 de dezembro teve, ainda, a participação da Usina da Dança e do Projeto Guri Polo IORM Orlândia. Nas noites de 13 e 14 de dezembro, o palco do Centro de Lazer também recebeu o Projeto Artes e Ofícios  e participação especial dos alunos da Usina da Dança. As quatro apresentações contaram com um público de 1.500 pessoas.

Elaine Sekimura

O autor Elaine Sekimura

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